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    Alorna, Marquesa de (Almeida, D. Leonor de)

    1. Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre nasceu em Lisboa a 31 de outubro de 1750, filha primogénita de D. João de Almeida Portugal e D. Leonor de Lorena e Távora, 2.ºs marqueses de Alorna. Tornou-se condessa de Oeynhausen por casamento com o alemão Karl-August Oeynhausen (1739-1793), que acompanhou em diversas missões diplomáticas na Europa. Celebrizando-se como mulher de letras na transição do século XVIII para o século XIX, a biografia e a correspondência da marquesa de Alorna dão evidências de uma forte marca de sociabilidade, que se traduz nas relações com diversos membros dos círculos literários e artísticos lusos, de que se destacam D. Teresa de Mello Breyner, condessa do Vimieiro (1732-1794), D. Catarina Micaela de Lencastre, 1.ª viscondessa de Balsemão (1749-1824), a cantora Luísa Todi (1753-1833), os poetas da Academia de Belas Letras (ou Nova Arcádia), como Francisco Joaquim Bingre (1763-1856) e Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), mas também com figuras europeias, graças à sua presença na corte de Viena, em França ou em Inglaterra: entre outros, Moses Mendelssohn (1729-1786), Pietro Metastasio (1698-1782) e Madame de Staël (1766-1817). Comentou duas importantes obras desta escritora, considerada precursora do Romantismo francês, De la Littérature e De l’Allemagne. São também significativas as suas relações com o meio político português, junto de cujos atores deu voz a preocupações para com o destino da pátria. A vida da marquesa de Alorna ilustra, pois, a crescente afirmação da presença feminina num Antigo Regime em transição para o Liberalismo, mostrando como a alfabetização e o cultivo das letras foram elementos decisivos para a emancipação da mulher.

    Leonor de Almeida passou cerca de 18 anos encerrada no Mosteiro de Chelas (1758-1777), juntamente com a sua mãe e irmãs. Com apenas 8 anos, esta reclusão tem lugar na sequência da prisão do seu pai e da condenação à morte dos seus avós, marqueses de Távora, e tios maternos, por sentença da Junta da Inconfidência. Ao lado dos duques de Aveiro, a estes seus familiares foi atribuída a culpa do atentado contra a vida de D. José I, ocorrido a 3 de setembro de 1758. A sua libertação vem a acontecer já no reinado de D. Maria I, no contexto da Viradeira. Desses longos anos merece nota o ambiente familiar e social propício ao cultivo da poesia, sobressaindo a sua participação em “outeiros” poéticos, assim como a correspondência assídua com o seu pai, que teve uma influência decisiva no seu carácter e formação literária. A aprendizagem de línguas estrangeiras, não só as clássicas, mas também as modernas europeias, permitiu a D. Leonor desenvolver uma sólida erudição e tornar-se recipiente das ideias emergentes na Europa, de Voltaire, Rousseau, D’Alembert e Diderot, a Goethe e Edward Young. Reescreve Elegy Written in a Country Churchyard (1751), de Thomas Gray, traduz os quatro primeiros cantos de Oberon (1780), de Wieland, e o tomo I do Essai sur l’Indifférence en Matière de Religion (1817), de Lamennais, entre inúmeros outros textos.

    Cultora dos géneros literários clássicos, segundo o legado dos poetas da Arcádia Lusitana (1756), a marquesa de Alorna celebrizou-se pelo domínio do exercício de formas como a ode, pela imitação de Anacreonte e de Safo. Por essa razão, foi apelidada de “Safo Lusa” por Filinto Elísio, acrónimo do P.e Francisco Manuel do Nascimento, seu possível mestre de latinidade, que lhe atribuiu também o nome arcádico de “Alcipe”. Saraiva & Lopes (2000) consideram-na introdutora do Romantismo em Portugal, principalmente pelo diálogo que estabelece com os autores de além-Pirenéus e pelo modo como a receção destes irá influenciar a nova geração de poetas portugueses. Em artigo no jornal O Panorama, de 1844, Alexandre Herculano tece-lhe rasgados elogios, por ter voltado a atenção dessa geração para a arte da Alemanha, revivificando a “arte meridional”, que segundo ele “vegetava na imitação servil das […] letras clássicas”. Recorda ainda que, nos anos 20 do século XIX, ela era conhecida como a “Staël portuguesa” (HERCULANO, apud DELILLE, 2003, 319). É nesse mesmo ano de 1844, já cinco anos volvidos após a morte da poetisa, que as suas composições poéticas são pela primeira vez impressas, em seis volumes intitulados de Obras Poeticas de D. Leonor d’Almeida Portugal Lorena e Lencastre, Marqueza d’Alorna, Condessa d’Assumar, e d’Oeynhausen, conhecida entre os Poetas Portuguezes pelo Nome de Alcipe (Lisboa, na Imprensa Nacional).

    O interesse de D. Leonor de Almeida pelos poetas ingleses e alemães românticos apresenta-se como contraponto da sua admiração pela natureza diurna de Horácio e de Virgílio. Identifica-se com a tristeza noturna, mórbida e melancólica dos poemas de Young (Night Thoughts), que traduziu na juventude e sob cuja influência escreve “Ode às Parcas” (cf. Brito, 1997). Importa recordar, com J. do Prado Coelho (1959) e A. Pinto de Castro (1974 e 2003), que a emergência desta temática fúnebre e de feição melancólica, configurada no âmbito dos primeiros balbucios românticos em Portugal, se apresenta em vários poetas no decurso do século XVIII como projeção de uma vertente lírica que vinha já sendo explorada no Barroco. Assim, surge-nos como significativo de uma proximidade ou intento consciente de adesão à nova sensibilidade o facto de D. Leonor ter feito acompanhar “Ode às Parcas” de apontamento que denota afinidade com a feição notívaga da obra do autor inglês, pondo em relevo a atmosfera funesta que circunda o ato de composição do poema: “Feita á noite, na jenella [sic] do meu quarto, que deitava para um cemiterio, em Chellas” (apud BRITO, 1997, 131). Parece evidente, em todo o caso, que, na lírica de Alcipe, desde cedo as formas de expressão neoclássicas configuram uma escrita que tem no desafogo de mágoas o traço mais indiscutível de uma transição para a estética do Romantismo. A poesia ilustrada surge, desta maneira, como campo de experimentação que torna possível, de acordo com o desiderato neoclássico da sinceridade, aliar os “sofrimentos da vida às efusões confessionais da poesia” (CASTRO, 2003, 395). À influência do classicismo deve também D. Leonor um tipo de julgamento, designadamente sobre obras literárias, em que os critérios ético-sociais preponderam sobre um juízo “meramente” estético. Em conformidade, condena Racine, por ter posto em cena o espetáculo do crime de Fedra, e surpreende-se com o apreço de Madame de Staël por Shakespeare, considerado pela francesa como superior aos tragediógrafos gregos. Para D. Leonor, o dramaturgo inglês fora um corruptor do gosto “monstrueux et détestable”, desde logo pela construção do carácter dos protagonistas Hamlet (“bizarre” e “fou”) e Otelo (“atroce”) (ALORNA, Notes à l’Ouvrage de Mme de Staël sur la Littérature, apud DELILLE, 2003, 325).

    Como observa Vanda Anastácio, graças aos livros e àqueles que a visitam, em Chelas, “D. Leonor de Almeida está, apesar do seu isolamento, em perfeita sintonia com as ideias mais recentes da sua época e a sua visão do mundo é marcada pelos parâmetros civilizacionais das Luzes” (ANASTÁCIO, 2004, 138-139). De entre estas coordenadas, frisa a importância dada à razão e à virtude como reguladoras dos afetos, e à poesia como atividade ao serviço da educação para a cidadania. Em concordância com os ideais de emancipação individual formados no contexto do Iluminismo, graças ao pensamento e ação dos filósofos modernos, como Voltaire e Rousseau, a marquesa de Alorna concebe o saber como meio de aperfeiçoamento moral e defende uma organização social mais fundada no mérito do que nos privilégios de nascimento. Apesar de uma consonância com os valores em que se alicerça a constituição do Estado moderno, ligados à afirmação do Liberalismo, e que são, em suma, estruturantes do ideário romântico emergente na segunda metade do século XVIII, tal como dá a entender o seu apoio ao movimento dos generais da Vendeia, na iminência da entrada das tropas francesas em Portugal, a marquesa permanece fiel à monarquia tradicional. Esta fidelidade deve-se, em parte, à sua ascendência e história familiar, que fora ensinada a honrar, por outro lado, impõe-se a sua crença profunda no catolicismo, religião que procura conciliar com as novidades científicas e filosóficas. Assim, sendo manifesto o seu entusiamo pelas novidades literárias do Século das Luzes, como ressalta o seu neto, D. José Trazimundo, “o progresso político [de Setecentos] nunca compreendeu ou não quis compreender. Um Ministro de Estado, mecânico e com ideias democráticas, era uma peste para ela” (Memórias do Marquês de Fronteira e d’Alorna, apud ANDRADE, 2003, 335). A marquesa apelida, pois, de “calamitoso século” (ALORNA, 1941, 165) esta centúria, precisamente por rejeitar a vertente revolucionária do republicanismo, no seu entender, usurpador de tronos, uma ameaça para a pátria e o soberano, e de cujos efeitos na Europa foi conhecedora.

    A sintonia de Alcipe com o gosto literário da Europa das Luzes fica especialmente patente nas suas considerações acerca do universalismo que, no seu entender, definia a existência de uma “escola literária europeia”, na qual todas as literaturas estariam de acordo, tendo como terreno comum o distanciamento em relação à rudeza bárbara e a aproximação à elegância da civilização. Tais foram as suas palavras em comentário a De l’Allemagne, de Madame de Staël. Atentando em nuances mais complexas da defesa da liberdade, embora a marquesa se lhe refira com veemência em diferentes momentos, no confronto do seu pensamento com o da escritora francesa, uma efusiva defensora do republicanismo, a liberdade surge como princípio que não deve antepor-se ao valor mais importante da perfeição moral do ser humano, aspeto este revelador da aliança entre moral e literatura na educação classicista que D. Leonor recebera. Assim, partilhando com Staël o repúdio da tirania, por se tratar de uma forma de exercer o poder que causa entraves ao florescimento das faculdades da alma humana (“Quando a tirania excede / Os limites do tormento, / Impõe lei à voz, ao gesto, / Encadeia o pensamento”, ALORNA, 2015, 307), afasta-se da francesa no entendimento da “liberdade”, quer pondo em causa os seus efeitos no campo artístico, quer questionando a sua significação e o seu uso pelas modernas formas de governo. Segundo D. Leonor, “só quando for definido o que é a liberdade saberá sob que forma de Governo é mais fácil ao homem ser livre sem ser corrompido” (RODRIGUES, 1983, 290).

    Após os anos de recolhimento forçado em Chelas, e já depois de enviuvar, a poetisa portuguesa viria ainda a conhecer o exílio no estrangeiro, entre 1803 e 1814, primeiro em Espanha, por motivos não totalmente esclarecidos, e depois em Inglaterra, devido ao seu envolvimento contra as invasões napoleónicas. Experimentando os condicionamentos à liberdade humana, de pensamento e de expressão impostos pelo despotismo pombalino, manifesta, com efeito, uma adesão aos ideais cívicos que darão origem à constituição dos direitos humanos, expressando a sua oposição ao Absolutismo em diferentes pontos da sua obra. É expressivo dessa rejeição o poema que intitula de “Ao despotismo”: “Pensamentos, nacei, que Apolo o manda; /Atrevidos nacei, em liberdade: / Quando a mão execranda / Do Poder, ou da fera atrocidade, / Vos queira comprimir o voo altivo”. Além de cerceadora do pensamento, que a poetisa constantemente pede que se erga acima da opressão, vê esta forma de governo como anárquica (“monstro sem lei”), desafiadora das leis da Natureza e devoradora dos homens (“Antropófago cru”). Com o despotismo compactua a intolerância (religiosa e política), designada então de “fanatismo”: “O Fanatismo segue-te choroso, / Cinge a corda, o silício não despreza / Mas punhal sanguinoso / Esconde para a vítima indefesa” (ALORNA, 2015, 95-96). De acordo com esta posição face aos regimes autoritários, endereça um poema a Filinto Elísio – “A respeito de uma Ode que lhe mandaram fazer, e fez, ao marquês de Pombal” –, afirmando que todo o esforço de enaltecimento poético de um tal governador, tirano, constitui um desperdício: “Não te esqueça, Filinto, o acerbo caso… / Lateja-me no peito um fogo intenso, / Se esperdiças as joias do Parnaso, / Dando ao tirano o teu sublime incenso” (ALORNA, 2015, 104).

    Sobre a liberdade de expressão, note-se que, em comentário aos textos de Madame de Staël, D. Leonor dirige uma súplica a Deus, em socorro de Portugal, país em que durante décadas a censura literária se aliou ao poder contra o livre-pensamento, e em que a própria crítica literária (ilustrada) foi marcada por um mecanicismo legalista próprio do ofício de desembargador, dando azo a intermináveis polémicas literárias, na sua busca de “tudo corrigir”: “Fasse le Ciel que cette Philosophie de Kant qui ne tend qu’à rendre le vice impossible, remplace un jour dans ma Patrie ce goût cruel de tour corriger, qui ôte toute honnête Liberté à l’être pensant” (ALORNA, apud RODRIGUES, 1983, 293). De facto, é no ambiente intolerante da governação pombalina que vem a ser cancelada a publicação da Gazeta de Lisboa e ganham força as instâncias de fiscalização e proibição do livro impresso, através do estabelecimento da Real Mesa Censória (1768), que procurava impedir a disseminação de um conjunto de obras que o Poder considerava questionadoras da ordem política e religiosa estabelecida. Nos editais da Real Mesa, figuram, pois, obras de crítica eclesiástica e de interpretação do catolicismo, os textos fundamentais dos filósofos do Iluminismo francês e de outros livres-pensadores europeus, além de obras consideradas despudoradas ou libertinas; Voltaire foi amplamente proscrito. Paralelamente, desenrola-se o comércio de livros proibidos, mas é atribuída a algumas pessoas, necessariamente do sexo masculino, licença para ler aquelas obras. Por razões que se prendem com o esperado da conduta feminina, às mulheres era aconselhada a leitura de obras de fundo moral e religioso. Contudo, Alcipe é recetora de um vasto conjunto de textos de autores europeus, e embora por vezes pareça desconhecedora do perigo que uma ou outra obra possa constituir (diante dela, o seu médico, Dr. Tamagnini, detrata Rousseau com insistência, apenas por ver o romance Júlia na sua estante), em carta ao seu pai manifesta preocupação quanto às possíveis consequências de um exame, por parte do ministro de D. José, dos papéis apreendidos a D. João de Almeida no momento em que foi preso. A poetisa enumera, pois, uma súmula de ideias que eram alvo de censura, convergentes com o pensamento dos “Filósofos”. Entre estas, surge-nos como crucial a luta contra a impunidade do soberano que se coloca acima da lei, mas não menos a noção de proteção dos direitos individuais, ameaçados pela ação despótica, que se serve da justiça para oprimir, em vez de conservar a liberdade de cada um: “Não sei sobre que seriam, os objectos que principiavam a interessar nímiamente o mundo literário quando V.Ex.ª se prendeu e que certamente já interessariam a V.Ex.ª, são perigosos de tratar em um país despótico, onde o capricho é a única lei que servimos […] e em que os políticos maquiavélicos mais receiam ser instruídos. Dizer que os Príncipes são protetores das leis, que o seu poder é restrito por elas, que a Justiça não consiste em oprimir mas em manter e conservar os direitos de cada indivíduo que compõe a sociedade, são blasfémias, e o Filósofo que as pronunciar deverá ocultar o seu nome para abrigar-se das iras do menistério” (ALORNA, apud ANASTÁCIO, 2004, 131).

    As referências à liberdade de expressão nos textos da marquesa de Alorna surgem a par do que podemos designar de ressonâncias de outros direitos fundamentais, consagrados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), tais como o direito à igualdade, que no seu caso se interliga com uma consciência dos constrangimentos ao pronunciamento feminino em assuntos de natureza literária ou política, ainda muito longe porém de qualquer propósito de reivindicação de direitos das mulheres. No domínio de uma incipiente consciência da igualdade de género sobressai, pois, uma noção de ousadia que é alusiva de um pensamento de rutura para com o comportamento discreto e o silêncio esperado da mulher, ousadia que, como repara, o génio incomum de Madame de Staël punha em prática ao escrever sobre o amor, a desonra e os erros humanos, e que a própria marquesa percebe como sua, pelo modo como introduz, com delicadeza e cuidado, o texto das cartas que dirige ao príncipe D. João: “Quando escrevo a V. A., vou copiando o que penso; não sei se digo bem ou mal, mas sei que digo a verdade”; “A timidez natural ao meu estado é quem agora me impediu escrever ou falar a V. A. R. em matérias que não pareciam da minha competência” (ALORNA, 1941, 115 e 120). Já na poesia, por exemplo na epístola “A Alceste”, mais corajosa no momento de dar voz ao que pensa, Alcipe denuncia os limites impostos sobre aquelas que com Apolo falam, isto é, as próprias mulheres poetas: “Há ciúmes aqui até d’Apolo; / Basta que uma mulher com ele fale / Para ter liberdade qualquer tolo / De mandar seja presa até que estale”. E declara a sua inocência, no desejo juvenil de dizer livremente a verdade, independentemente das críticas e reprovações que lhe possam advir: “Eu falo em liberdade; uma alma nova / Como a minha, não sofre o vil disfarce: / Que sei eu se o que digo se reprova? / Que sei se deve a Musa limitar-se?” (ALORNA, 1941, 133-134). Mostra-se igualmente sensível ao tópico da escravidão, ao partilhar com o seu pai uma notícia do Review inglês que anuncia a publicação de uma coleção de poemas da autoria de Philis Wheathley, uma negra de 20 anos, cativa: “Tenho o maior apetite nesta cachorrinha que é possível, e se eu tivesse dinheiro, mandava de propósito a Mr. Wheathley para ver se ma vendia. Qual seria o meu gosto de lhe dar a liberdade” (ALORNA, 1941, 31-32).

    Em matéria de direitos humanos, de D. Leonor de Almeida, marquesa de Alorna, fica-nos a imagem de um humanismo iluminado visível na sua defesa da liberdade contra a opressão, tendo como suporte o conhecimento das artes e das ciências, e de uma consciência do lugar da mulher na sociedade do seu tempo, mais próxima de alcançar protagonismo na esfera pública, em virtude do alargamento da educação. Por fim, trazemos uma vez mais à colação a obra poética da “Safo Lusa”, a ilustrar um confessionalismo de voz feminina em que o verso se abre à expressão natural das circunstâncias da vida (ver “Quando, pela moléstia de peito que então sofria, me desenganaram de que não tinha remédio enquanto estivesse em Chelas, e havia inteira impossibilidade para mudar de sítio”, in ALORNA, 2015, 231).

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    Autora: Marta Marecos Duarte

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