Beauvoir, Simone de [Dicionário Global]
Beauvoir, Simone de [Dicionário Global]
A parisiense Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908 e faleceu a 14 de abril de 1986, vitima de pneumonia, na cidade que a viu nascer. Foi sepultada no Cemitério de Montparnasse, em Paris, ao lado de Jean-Paul Sartre, o filósofo com quem manteve uma relação amorosa ao longo da sua vida. Simone, filha de Georges Bertrand de Beauvoir, advogado e de Françoise Bertrand de Beauvoir e irmã de Henriette-Hélène Bertrand de Beauvoir, pintora, cresceu no seio de uma família da aristocracia francesa, embora abalada financeiramente após a Primeira Guerra Mundial. Esta sua condição social permitiu-lhe o acesso a um bom nível de educação e formação – um princípio levado muito a sério pelos seus pais. Juntamente com a sua irmã, frequenta o Institut Adéline Desir, obtendo, posteriormente, a licenciatura em Letras Clássicas, pelo Institut Sainte-Marie-de-Neuilly e Matemática no Institut Catholique de Paris. Inicia, em 1927, os estudos em Filosofia, na Sorbonne, onde realiza uma dissertação sobre Leipniz, atingindo o segundo lugar no concurso de agrégation em Filosofia, no ano 1929. Entre 1931 e 1936, Simone ensina Filosofia em liceus de Marselha, em Rouen e em Paris. Ao longo da sua vida académica, Simone interagiu com diversos intelectuais, seus contemporâneos, como Maurice Merleau-Ponty e Jean-Paul Sartre. Intelectualmente abraça o existencialismo, assumindo ainda as influências de diversos filósofos concretamente de Descartes, Hegel, Marx, Husserl, Bergson e Heidegger. De craveira intelectual eclética, nada desperdiça dos campos do conhecimento da ciência, da história, da filosofia, da religião, do direito, do mito, da cultura clássica e da literatura, etc. Numa identificação com a corrente filósofa que abraça, o existencialismo, tal como era protagonizada por Sartre, Simone não admite nem a existência de Deus, nem a da natureza humana, posicionando, antes, a defesa do livre-arbítrio. Recorde-se que este movimento intelectual, o existencialismo, concentra a defesa de que o ser humano é um ser existente concreto inserido num determinado contexto e é essencialmente livre; a essência, segundo este movimento, que veio a deixar uma marca fortíssima na cultura do pós-guerra, precede a essência. A visão crítica de Beauvoir sobre o mundo, e muito em especial sobre a mulher, moldar-se-á, precisamente, a partir de todo este invólucro.
A acribia do seu pensamento, a sagacidade do seu espírito, a inconformidade com a sociedade, a inquietude da sua intelectualidade e a determinação emanante da sua personalidade e carácter projetam Simone de Beauvoir para a frente da notabilidade, como uma das vozes mais aguçadas, no quadro do movimento francês da emancipação das mulheres – muito embora o seu contributo intelectual vá para além desta sua intervenção –, não se detendo de expor a sua análise, mesmo nos contextos mais adversos e críticos, sobretudo dos sectores do poder estabelecido. O tempo pós Simone acaba, no entanto, por ser o tempo da redescoberta da amplitude e da consistência do seu contributo para o existencialismo, para a fenomenologia e para a filosofia feminista, para a literatura, para a sociologia, para a antropologia, para a filosofia do direito e para a afirmação dos direitos humanos.
O mundo herda, de Beauvoir, ensaios: : Pyrrhus et Cinéas (1944); Pour Une Morale de l’Ambiguïté (1947); Le Deuxième Sexe (1949); Privilèges (1955); La Longue Marche (1957); La Vieillesse (1970); Faut-Il Brûler Sade (1972); romances: L’Invitée (1943); Le Sang des Autres (1945); Tous les Hommes Sont Mortels (1946); Les Mandarins (1954); Les Belles Images (1966); Les Inséparables (2020); contos: La Femme Rompue (1967); Quand Prime le Spirituel (1979); teatro: Les Bouches Inutiles (1945); autobiografias: Mémoires d’Une Jeune Fille Rangée (1958); La Force de l’Âge (1960); La Force des Choses (1963); Une Mort très Douce (1964); Tout Compte Fait (1972); La Cérémonie des Adieux (1981). E, ainda, obras póstumas, pela mão da herdeira da sua obra: Lettres à Sartre, t. I (1930-1939) e t. II (1940-1963 (1990); Journal de Guerre: Septembre 1939 – Janvier 1941 (1990); Lettres à Nelson Algren (1997); Correspondance Croisée avec Jacques-Laurent Bost (2004); Cahiers de Jeunesse: 1926-1930 (2008); Malentendu à Moscou (2013); Les Inséparables (2020). Acrescenta-se, ainda, a esta vasta produção cultural, a revista de temática literária, política e filosófica Les Temps Modernes de outubro de 1945, da qual Simone é cofundadora com Maurice Merleau-Ponty e Paul Satre.
O desassossego intelectual e a sua atração pela observação crítica do mundo em que vivia inclina Simone de Beauvoir para a palavra escrita e para a palavra oral, como meios eficazes e acutilantes da sua voz inquieta, tal como é asseverada a vastidão das suas obras e conferências que tiveram eco (e continuam a ter) em todo o mundo, mesmo após a sua morte.
Na esteira do pós-Segunda Guerra Mundial, na ambiência de uma França ferida pela ocupação nazista e pelas consequentes complexidades dos designados movimentos e grupos, como o Colaboracionismo, Resistência, Desengajamento, assim como no âmago da problemática da neutralidade política, da legitimação, ou não, da violência e da responsabilidade para com os outros sujeitos, o tema da “ação humana”, da “ética” e da “liberdade” ganha, no pensamento de Simone, um particular interesse, desenvolvendo uma construção filosófica destes conceitos, denunciando uma estreita inter-relação entre eles, como dão nota as suas obras Pyrrhus et Cinéas e La Force d’Âge e Pour Une Morale de l’Ambiguïté.
Distanciando-se do determinismo marxismo e projetando-se na moral existencialista, Simone acaba por defender a necessidade de dilatar os limites da liberdade, pois ela é a que justifica a ação humana. Para a pensadora, na dimensão humana moral é que a existência humana se assume como verdadeiramente humana. Nesta sua certeza, formulará, em Pour Une Morale de l’Ambiguïté, “se vouloir moral et se vouloir libre, c’est une seule et même décision” [“Querer-se moral e querer-se livre é uma única e mesma decisão”] (BEAUVOIR, 1947, 31).
Nas relações que estabelecemos, somos, segundo a filósofa, seres objetificados pelos demais sujeitos, apesar de sermos, na nossa consciência, sujeitos livres. Com este posicionamento, o pensamento beauvoiriano fundamenta o conceito de “ambiguidade” (como condição humana) e o conceito e (valor) do “outro” e de “situação” na existência concreta de cada sujeito, proporcionando uma formalização filosófica crucial para a filosofia do direito e para o entendimento e reflexão sobre situações factuais da violência e da opressão. De certo modo, o traço intelectual beauvoiriano perpassa a questão central da “alteridade” e o peso influenciador deste elemento na própria experiência quer individual, quer coletiva, que a pensadora entende serem provocadoras de experiências multimodais: experiências de opressão, de poder, de privilégios, da corporeidade, da igualdade, etc. O próprio conceito de velhice, que espelha na sua obra La Vieillesse, absorve esta sua linha conceptual. Simone percecionará o envelhecimento como um processo contínuo de existência; uma transformação pessoal não limitada em absoluto pela dimensão física ou intelectual. Tal transformação é, na sua perspetiva, também ela, escopo de objetificação ocorrida nas relações interpessoais, no seio do contexto familiar e nas conjunturas económicas, conduzindo a que o envelhecimento seja vivenciado de modo distinto, nas diferentes classes sociais.
Simone, contudo, está inequivocamente ligada ao movimento francês da emancipação das mulheres, com pronunciamento emblemático na sua obra Le Deuxième Sexe. Concebida a partir da matriz forte do existencialismo, da fenomenologia e do marxismo, e tendo por solo as experiências concretas das mulheres, testemunhadas em diários e narrativas, assim como a análise de escritos da tradição filosófica relativa à mulher (Platão, Aristóteles, S. Tomás de Aquino entre outros), o olhar acutilante de Beauvoir incide sobre a situação e a condição das mulheres nas sociedades ocidentais, na primeira metade do século XX, marcadas pela opressão patriarcal, ao longo do ciclo de vida da mulher. O confronto analítico abrange, objetivamente, também, as bases da superação da imposta condição de inferioridade a que se encontravam votadas as mulheres do seu tempo. A célebre fórmula beauvoiriana contida nesta sua obra (BEAUVOIR, 1949, II, 13), e que será um referencial supremo dos movimentos feministas, é “on ne naît pas femme; on le devient” [“não nascemos mulher, tornamo-nos nisso”], posicionando o “eterno feminino” como um mito. As funções das mulheres na sociedade, assim como a realidade das distinções das funções entre o sexo feminino e o sexo masculino, advêm da intolerável dominação social dos homens e da construção que a própria sociedade opera, afastando, Beauvoir, como fatores causadores tanto o fator divino, como o fator ordem natural. O peso do pensamento e da ação de homens machistas de diversos quadrantes (filósofos, legisladores, escritores, sacerdotes, etc.), concomitantemente com a parca representatividade das mulheres nos palcos decisórios, moldaram a formulação do direito e a condição de submissão, de descriminação e de injustiça destas, nos vários contextos sociais e culturais; situação bem diferenciada da do patriarcado, poderoso e dominante. Este “eterno feminino”, ou a naturalidade do feminino, que se traduz numa postura por parte das mulheres de adormecimento, de dependência e de submissão, face a uma supremacia masculina, torna-se uns dos alvos a ferir mortalmente pela ativista francesa. Simone faz contrapor, então, a esta existência, o valor da liberdade, da transcendência, da luta pelos seus direitos e pela igualdade de oportunidades, assim como a fundamental autonomia económica, posição esta que se evidenciará na entrevista dada, em 1975, ao programa Questionnaire. A consolidação do feminismo existencialista beauvoiriano sofrerá reações de censura por parte de sectores de poder mais conservadores, como será alvo de leituras elogiosas, por parte de outros sectores da sociedade que se reviram (e reveem) na sua análise crítica e nas suas perspetivas de superação desta realidade.
Simone de Beauvoir dirigirá, ainda, os tentáculos do seu pensamento goleador a temas como o racismo nos Estados Unidos da América (L’Amérique au Jour le Jour, 1948), a família, o género, o poder (Les Bouches Inutiles, 1945), o colonialismo (Pour Djamila Boupacha, 1960), o pensamento dos grupos políticos privilegiados (La Pensée de Droite aujourd’hui, 1955), a ética e a sexualidade (Faut-Il Brûler Sade?, 1955).
Nos múltiplos palcos de atuação do seu ativismo, Portugal ganha um lugar de certo modo especial. Algumas referências à presença de Simone pelo nosso país surgem pelas mãos de João Medina, na sua obra Salazar em França (Ática, 1977), onde lhe dedica um capítulo com o título “Simone de Beauvoir no Algarve”, e, ainda, pela escrita de José Carlos Vilhena Mesquita, concretamente no seu artigo “Simone de Beauvoir no Algarve – Um episódio nas relações luso-francesas”, onde referencia um outro artigo, publicado no Diário de Notícias, referências que não anulam as múltiplas notícias que tiveram espaço nas páginas da imprensa da época, no contexto da referida visita. Já mais recentemente, em 2004, Cecília Maria da Silva Monteiro elaborou uma dissertação intitulada Simone de Beauvoir e Portugal. Em agosto de 2008, a própria Biblioteca Nacional de Portugal realizou uma mostra evocativa sobre a escritora, logo após a sua morte.
A passagem “meteórica”, nas palavras de Mesquita (1990, 137), de Simone, em março de 1945, pelo Algarve (Faro), por Lisboa e pelo Porto fez agitar a imprensa, os políticos e a própria diplomacia portuguesa e francesa, como deixou marcas na palavra escrita de Beauvoir. A polémica centra-se essencialmente no retrato fortemente negativo feito por Simone de Beauvoir ao país existente no Estado Novo. Impressionou-a a “situação económico-social, francamente desfavorável ao proletariado rural e fabril, materializada na fossilização dos conceitos de liberdade de expressão e associação política. Um país pobre com sete milhões de habitantes, onde setenta mil comiam demasiado, enquanto os restantes passavam fome […] Sujo acaso (Sale hasard) desabara sobre Portugal…” (MESQUITA, 1990, 137). A realidade era gritante aos olhos da ativista francesa: um país habitado pela pobreza, pela falta de higiene, pela fome, pelas péssimas condições de habitação, pela prostituição, etc. Simone votou um olhar que via para além da paisagem portuguesa, que conheceu de norte a sul, que não ignorou e que não deixou de apreciar. Esta realidade acabou por inspirar as suas obras La Force des Choses e Les Mandarins, assim como alguns artigos publicados, sob pseudónimo de Daniel Secrétan, no jornal Le Combat (MESQUITA, 1990, 137-138), bem como no periódico Les Volontés de Ceux de la Résistance. As reações, concretamente em Portugal, às opiniões expressas por Simone foram rápidas, levando à intervenção diplomática da Embaixada de França junto da direção do jornal Le Combat, que não evitaram a proibição da venda dos seus livros em solo português. Contudo, apesar deste desfecho duro, a imprensa nacional não deixou também de referenciar a notoriedade de Simone de Beauvoir como “Mulher da nova França”, mulher “gentil, espiritual”, a “maquisarde”, ativista, intelectual e com estreitas ligações à Resistência (cf. O Primeiro de Janeiro, 24 de março de 1945; O Comércio do Porto, 26 de março de 1945; Jornal de Notícias, 16 de março de 1945; O Primeiro de Janeiro, 24 de março de 1945).
Segundo Mesquita, motivações de ordem familiar e cultural terão estado na base da vinda da escritora francesa a Portugal. O cunhado, Lionel de Roulet, e a sua irmã, Heléne de Beauvoir, estariam a residir no Algarve na condição de refugiados, antes do colapso militar em França em 1939, e Lionel de Roulet terá estado ele mesmo, muito provavelmente, na origem do convite endereçado pelo Instituto Francês a Simone (MESQUITA, 1990, 137 ss.). A 9 de março de 1945, a escritora realiza a conferência “A vida literária em França, da ocupação à libertação”, onde deixa a palavra afiada de ataque ao nazismo e à brutalidade do holocausto, conferência esta que foi na altura alvo de elogios, como se atesta na imprensa algarvia (cf. Algarve, de 25 desse mesmo mês e ano). Contudo, a visita de Simone a Portugal (e também a Espanha), sem prejuízo da participação dos seus familiares, trazia já gravada a função de correspondente oficial do jornal Le Combat, em cumprimento do pedido de Camus. Anos mais tarde, Simone de Beauvoir, conjuntamente com Sartre e Pierre Victor, um dirigente maoista, regressará ao nosso país, onde permanecerá de 23 de março a 16 de abril de 1975.
Neste período, Simone e Sartre são convidados a realizar conferências e colóquios no Porto, na Faculdade de Letras, e em Lisboa, no Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional. Beauvoir, concretamente, abordará, nas suas conferências de 2, 3 e 4 de abril desse ano, os temas da sua especial eleição: o da condição feminina e o da luta pela igualdade de direitos entre os sexos. Porém, a intelectual francesa foi para além desta temática e pronunciou-se, de modo não abonatório, sobre os intelectuais e estudantes portugueses, concretamente sobre o seus envolvimento no movimento revolucionário, classificando-os de uma elite, com parca iniciativa, demasiadamente distantes do povo, como deixou transparecer no Libération, uma leitura, aliás, comungada também por Sartre (cf. Jean-Paul Sartre, “Les femmes et les étudiants”, in Libération, 23 de abril de 1975; Simone de Beauvoir, “Les femmes et les étudiants”, in Libération, 23 de abril de 1975; Simone de Beauvoir, “Lier la lutte des femmes à la lutte révolutionnaire”, in Libération, 23 de abril de 1975; Diário de Notícias, 3 de abril de 1975; Jornal de Notícias, 12 de março de 1975).
O século XX foi, na verdade, o tempo da revelação de Beauvoir, e o século XXI o tempo da leitura do alcance do seu pensamento, do seu ativismo e da sua doutrina de ação. O desassossego da existencialista feminista e socialista para com a sociedade do seu tempo sempre a definirão. Não está em causa o sublinhar cego e integral das suas ideias, como não está em causa a o esquecimento dos traços visíveis de um burguesismo, a ela familiar, e que lhe valeu críticas concretas. Contudo, não se pode negar o valor do seu pensamento e do seu vozear contra as situações silenciadas das mulheres e das “franjas sociais” desfavorecidas de então (cultural, económica e socialmente), que viviam sem poder anímico e em estado adormecido, pelos poderes estabelecidos, numa finalidade inquieta da realização de uma sociedade mais justa e livre.
As muitas homenagens que foram surgindo ao longo dos anos validam esse reconhecimento: em 1982, Carole Roussopoulos, Delphine Seyrig e Ioana Wieder criam o Le Centre audiovisuel Simone de Beauvoir; em 1983, a Universidade de Copenhaga atribui-lhe o Prémio Sonning; em 1991, a União Astronómica Internacional batiza a cratera de Vénus “de Beauvoir”; em 1998, um asteroide recebe também o seu nome; em 2021, a empresa de correios francesa La Poste emite um selo postal com a sua efígie; em 2006, entre o 12.º e o 13.º bairros de Paris, é inaugurada a ponte pedonal Simone de Beauvoir; em 2016, a 46.ª turma de alunos do Institut Régional d’Administration, de Lille, recebeu o nome de Simone de Beauvoir; e, em 2020, uma das praças do 6.º bairro de Paris é também inaugurada com o nome Jean Paul Sartre et Simone de Beauvoir, isto sem esquecer as mais de 300 ruas, vielas e becos que até 2023 receberam o nome da escritora. Nesta amplitude de homenagens, há a destacar a criação, em 2008, do Prémio Simone de Beauvoir para a Liberdade das Mulheres.
Simone, defensora da independência da Argélia, era, de facto, lida de modo diferenciado por múltiplas perspetivas: para alguns, Beauvoir enfeitiçou uma geração; para outros, ela é revolucionária-mentora da designada “ideologia de género”; para outros, ainda, é simplesmente um génio da cultura. Nela se reviram e reveem os movimentos feministas, nela se inspirou a ativista americana Betty Friedman (1921-2006). A ela as mulheres devem tudo, dirá anos mais tarde a filósofa Élisabeth Badinter.
Simone de Beauvoir, a quem Sartre e os seus amigos designavam de “Castor”, pela sua craveira intelectual e pela sua capacidade de trabalho, lidava mal com a neutralidade, com a passividade, com a abstenção; a ação e a ação pela palavra eram, no seu entender, o canal fortíssimo e eficaz, o meio capaz de dar consistência à luta pelos direitos humanos e à responsabilidade de todos nos destinos da humanidade. Simone é, na realidade, a mulher-palavra situada no intervalo afetivo e racional da admiração e da rejeição, mas jamais na zona da indiferença.
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Autora: Eugénia Abrantes